sábado, 2 de junho de 2012

Histórias de vida se misturam nas viagens do metrô do Recife

Desde os vendedores de pipoca que podem ser encontrados nas entradas de várias estações do metrô do Recife até o funcionário mais antigo do Metrorec, empresa que administra os trens que transportam os pernambucanos. As histórias de vida que se cruzam todos os dias nos 35 km de malha ferroviária do metrô que corta a Região Metropolitana do Recife se misturam. Os milhares de passageiros que circulam todos os dias pelas plataformas das estações têm uma coisa em comum: a rotina apressada sobre os trilhos.

Histórias de vida se cruzam todos os dias no metrô do Recife
O dia no metrô começa às 5h, horário em que os trens começam a operar e os primeiros passageiros já estão atentos a espera da composição. Pessoas de classes sociais distintas, de todas as idades e de todas as culturas se cruzam entre uma viagem e outra, num tempo onde a pressa faz parte da rotina daqueles que não querem se atrasar no destino. Muitas vezes, o barulho da viagem é interrompido com a fala em tom elevado de algum vendedor ambulante que vende produtos aos passageiros, mesmo que seja uma atividade não permitida dentro dos trens.

Enquanto não chegam ao destino, muitos passageiros se distraem ouvindo música, conectados a celulares com rádio e fone de ouvido ou aparelhos eletrônicos da modernidade. Outros, porém, preferem ler um livro como passatempo durante a viagem. Nos horários de pico, quando os trens lotam, alguns passageiros que estão sentados se oferecem para segurar a bolsa ou qualquer objeto pesado que está nas mãos de quem viaja em pé.
Trecho de obras de construção de estação do metrô do Recife - anos 80

Enquanto uns e outros estão ouvindo música, lendo um livro ou até mesmo cochilando durante o percurso, alguns preferem puxar conversa. Vale até fazer novas amizades e conhecer novas pessoas. Da janela do metrô também é possível observar, em alguns trechos do percurso, restos de formações vegetais de Mata Atlântica intacta que sobreviveram às transformações da urbanização, aonde foi aberto caminho para a passagem do metrô. Atualmente, com trens modernos e equipados com ar condicionado, as viagens no metrô são realizadas com praticidade, rapidez e conforto. Diferente da rotina enfrentada por usuários há trinta anos atrás nos trens a diesel, que realizavam o transporte de passageiros no Recife antes da implantação do metrô, que praticamente modernizou o sistema de transporte ferroviário da cidade.

No segundo horário de pico do dia, mais precisamente a partir das 16h30, as estações já começam a lotar. São cerca de 250 mil passageiros que circulam todos os dias no metrô do Recife. Quem tenta entrar no trem é arrastado pela multidão e tem que ter muita paciência para enfrentar uma viagem em pé em meio a uma grande quantidade de pessoas quando todos os assentos estão ocupados. Quando algum trem quebra ou atrasa na estação, alguns passageiros descarregam suas frustrações no maquinista. Afinal, muita gente fica exausta a espera do metrô, depois de um longo dia de trabalho.

Testemunha da inauguração do metrô do Recife em 1985, com a presença do então presidente do Brasil na época, João Batista Figueiredo, o gerente de estações da Linha Sul, Murilo Barros, 45 anos, não esconde a paixão que cultiva pelos trilhos. O funcionário garante que o emprego no metrô foi o primeiro de sua vida, e que não pretende deixá-lo: “Entrei na empresa para me aposentar”, diz, em reportagem publicada no Jornal do Commercio. O funcionário já se acostumou com a rotina de trabalho no vai e vem do metrô que, às 22:30h, no fim do expediente, sai da Estação Central do Recife para realizar a última viagem, deixando os últimos passageiros no seu destino. Para começar tudo de novo no dia seguinte.  

Fotos: Fred Senna e meutransporte.blogspot.com

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