domingo, 6 de abril de 2014

Memórias da ditadura: 50 anos depois


Há exatos cinquenta anos, mais precisamente no dia 1° de abril de 1964, a ditadura militar instaurava-se no Brasil com objetivos anti-democráticos, aonde militares reprimiam a liberdade do povo brasileiro e colocavam em xeque a democracia. Parlamentares tiveram seus direitos políticos cassados, sob a alegação de que não apoiavam o regime. Estudantes e outros militantes políticos sofreram com a repressão, que os perseguia apenas por defenderem ideais democráticos de esquerda.

A imprensa foi censurada. Nas ruas, o que se via era um cenário de guerra: tanques do Exército e homens fortemente armados, prendendo e reprimindo quem discordava do regime militar. Nessa altura do campeonato, a dimensão dos acontecimentos já tinha tomado tamanha proporção, que o então presidente João Goulart, se sentindo pressionado pelos militares, resolve sair do país e pede asilo ao Uruguai. A atitude de Jango, como também era conhecido, iria evitar uma guerra civil com consequências catastróficas para o Brasil, como a morte em massa de militantes e inocentes.

Em todo o país, estudantes e militantes políticos reivindicavam o fim do regime militar
Em Pernambuco, três personagens se destacaram pela luta contra a ditadura: Miguel Arraes, na época governador do estado, o padre Henrique e Dom Hélder Câmara, este último ex-arcebispo de Olinda e Recife. Formou-se, então, uma verdadeira articulação militar montada em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, com homens armados com fuzis e metralhadoras. Às onze horas da manhã do dia 1° de abril de 1964, o almirante Dias Fernandes, comandante do III Distrito Naval, acompanhado de mais três oficiais do Exército entram no Palácio.

Obedecendo ordens de um distintivo superior, sob o comando do chefe do IV Exército, general Justino Alves Bastos, Miguel Arraes recebe a proposta imposta pelo regime: aderir ao movimento, o que lhe asseguraria continuar no governo, ou do contrário renunciar para não ser preso. Mas Arraes rejeita. A negativa do governador provocou os ânimos dos militares que, horas após esse encontro, retornam à sede do governo, dessa vez sem proposta, e dão voz de prisão. Arraes acaba deposto e termina sendo conduzido para o 14° Regimento de Infantaria.

Enquanto isso, no cenário nacional a população assistia as consequências da deposição de Jango, com pessoas presas e torturadas, e o general Castelo Branco, nomeado pelos militares, assumindo o comando da nação através do voto indireto. Em síntese, a ditadura militar implantada no Brasil há cinco décadas atrás deixou muitas feridas na consciência daqueles brasileiros que viveram o período; alguns ainda estão entre nós para contar a história, relembrando que toda essa repressão teve fim há 25 anos atrás, quando o Brasil elegeu Fernando Collor de Melo, o segundo presidente da República eleito pelo povo após a morte de Tancredo Neves.