terça-feira, 15 de outubro de 2013

Avanço do mar preocupa moradores e comerciantes do litoral pernambucano


O avanço do mar causa transtornos a muitas cidades costeiras do Brasil e do mundo. No estado de Pernambuco a situação não é diferente. São 187 quilômetros de litoral que reservam aos turistas e frequentadores algumas das praias mais badaladas do país, algumas com águas límpidas e mornas que formam um espetáculo à parte. Mas esse paraíso natural parece estar ameaçado com o constante avanço do mar, que preocupa moradores e comerciantes dessas regiões litorâneas. Em vários trechos do litoral pernambucano, que reúne algumas das praias mais bonitas do país, as áreas destruídas pelo mar são visíveis. Moradores mais antigos do lugar já não enxergam a mesma praia de duas décadas atrás. Até mesmo comerciantes dessas localidades já não viam mais perspectivas para o local e fecharam as portas, migrando para outros endereços.

Há muito tempo, o avanço do mar vem assustando moradores, comerciantes e banhistas em alguns pontos do litoral pernambucano. No Recife, por exemplo, a maior parte dos trechos da orla da praia de Boa Viagem já se encontram comprometidos, o que torna o simples banho na praia um transtorno e afugenta turistas. No entanto, uma medida emergencial e provisória foi realizada pela prefeitura em 2008: a colocação de pedras enormes, formando uma espécie de paredão, num trecho de três quilômetros da faixa de areia, mas essa medida acaba com a beleza paisagística da praia, alterando sua característica natural e peculiar.

Em Boa Viagem, prefeitura colocou pedras para tentar conter o avanço
Comerciantes de alguns quiosques do calçadão de Boa Viagem temem a diminuição da clientela, que está migrando para outras praias devido ao avanço marítimo. Já no município de Jaboatão dos Guararapes, os esforços empreendidos pelo governo municipal no sentido de conter o avanço já demonstram render resultados positivos para a orla marítima da cidade. Um projeto pioneiro em todo o país, a engorda da praia, dá sinais de que vem dando certo, além de devolver a vida à praia, atraindo novos banhistas. A técnica consiste em extrair areia do fundo do mar, através de uma draga, e lançar o material na orla da praia durante o processo de engorda.

Iniciado em junho passado, o projeto de recuperação da faixa de areia foi concluído este mês e contemplou as praias de Barra de Jangada, Candeias e Piedade, movimentando cerca de um milhão de metros cúbicos de areia distribuídos em 5,3 km da faixa litorânea, abrangendo uma área que varia entre 35 e 40 metros de largura, deixando as águas do mar bem distantes do calçadão que antes era invadido pelo mar em determinados trechos, danificando o concreto.

Outra proposta incluída no projeto foi a segmentação do quebra-mar em Candeias, para evitar a erosão marinha, onde são retirados pedaços do quebra-mar para permitir a renovação da água. Para tanto, os investimentos em obras de contenção estão avaliados em R$ 41 milhões, em média, no município, que firmou uma parceria com o Ministério da Integração Nacional. Em Paulista, bem distante de Jaboatão dos Guararapes, na Zona Norte da Região Metropolitana do Recife, a situação não é diferente. Sua área de praia também passa por intervenção, mas por enquanto em caráter provisório.

A solução encontrada pelos técnicos e engenheiros de Paulista foi distribuir blocos de concreto na parte correspondente à variação da maré. Conhecida como bagwall, a técnica usa bolsas de concreto em formato de arquibancada, criando uma barreira artificial. A mesma tecnologia foi aplicada em praias de Alagoas e Ceará e funciona como um dissipador de energia de ondas, já que quando as ondas batem na barreira, criam uma onda reativa, ou seja, que volta em um movimento contrário às demais diminuindo a força das ondas. A cidade de Olinda também deve passar pelo mesmo processo de engorda. De qualquer forma, o importante é que em breve, todas as cidades afetadas terão o seu espaço natural devolvido. Os projetos estão sendo comandados pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado e têm previsão de serem iniciados no Recife, Olinda e Paulista a partir do ano que vem.